terça-feira, 12 de outubro de 2010

REFLEXÃO: O DOM E O DIREITO AO QUESTIONAMENTO E Á CONFRONTAÇÃO

O DOM E O DIREITO AO QUESTIONAMENTO E Á CONFRONTAÇÃO

Por Nataniel Semedo Da Silva

Bauru, 11 de Outubro de 2010

“Prefiro aqueles que me criticam e me corrigem do que aqueles que em bajulam e me corrompem”
Santo Agostinho

“A verdade é sempre o maior argumento”
Sófocles

Sim, é verdade que há palavras e presentes que transportam consigo bajulação e reluzente “graxa”, assim como existem homens e mulheres, que leviana e porque lhes convém, tem enorme prazer em recebê-los, para sua própria corrupção. Como se não lhes bastasse tanta vassalagem gratuita, estes homens e mulheres de cristal e coqueluches demasiado melindrosos tem horror á crítica e confrontação. Estes e estas que tais se entrincheiram nas “suas verdades absolutas” e pavoneiam abrindo suas asas de vaidade. Estes e estas têm os seus acríticos “servos do silêncio” sempre subservientes e disponíveis, capazes de venderem o caráter e a alma por um “prato de katchupa”. Têm ainda os seus peões e delfins de plantão que jamais lhes contraria, sempre lhes fazendo a vénia e respondendo sim senhor (a)!Tais homens e mulheres da “linhagem” de César são os “grandes latifundiários da verdade absoluta” , intocáveis, constituem o “núcleo duro” da estultícia elaborada e mistificam-se “canonizados” em uma aura maquiavélica. Do alto dos seus “pedestais”, utilizando velhos métodos e doutrinas do anti jogo e baixa barganha são radicais, agindo sem dó nem piedade no mise en pratique dos seus projetos pessoais. Acham (acham!) que são os “caras”, mas têm uma neura constante de que a qualquer instante pode lhes acontecer um “golpezinho palaciano”, como aquele que amiúde sucede aos generais intolerantes, por isso, tornam-se demasiados ferozes na demarcação da sua “ultra nacionalista” zona de conforto.Decretam tolerância zero relativamente àqueles que “ameaçam” apear-lhes do cadeirão almofadado da sitiada “Casa da Mãe Joana” que lhes deu demasiada guarida, e lhes fez crescer alguns cabelinhos no peito.Furtam-se ao jogo decente do contraditório “achando-se” com costas largas e rei na barriga.São sub-reptícios e manhosos, jogando quase sempre na antecipação, procurando aplicar o subtil elemento surpresa.Muitos destes homens e mulheres têm apenas aparência de piedade, negando-lhe completamente a eficácia.Cristalizaram-se ocos no negócio pragmático, despido de bom senso e de valores , tornado-se “iluminados baços” como as lâmpadas sepulcrais.Emparedaram-se herméticos nas masmorras dos seus temores e dos seus bajuladores.Impostores, suas respostas são Nim, numa fusão enigmática de Sim e Não.Tornaram-se deuses, colocando-se “acima” de Deus, e, ai daqueles que lhes ouse contrariar.Então, por tudo isso, acredito que nunca leram Santo Agostinho ou Sófocles, e não sabem exatamente quem é Deus verdadeiramente.A crítica e a confrontação causa-lhes ira e azia, simplesmente por não quererem lidar com o contraditório, ou, outras perspectivas.Ignoram, ou, desconhecem completamente a belíssima psico-pedagogia do enlevo da pipa ou papagaio de papel dançando á brisa, que para levantar vôo precisou de vento contrário. Querem saber mais?Alguns desses homens e mulheres utilizam até o púlpito para pregarem (mais “alguns pregos”, possivelmente!) e andam pra cá e pra lá com a Bíblia Sagrada. A propósito, como diria o meu amigo Charles: “Tenho aprendido a ter medo de alguns homens com a Bíblia debaixo dos braços”. Claro, e concerteza, que existem homens e mulheres de Deus, comprometidos com o que falam e vivem, íntegros, sinceros e que rejeitam a bajulação e a corrupção, e são abertos à crítica e à confrontação. Quanto àqueles tais “latifundiários da verdade absoluta”, que nunca aprenderam, ou, não querem aprender que existem versões e existem factos; que há os achismos e a verdade subjetiva, bem como a verdade objetiva; quanto aos que tais, os “donos da verdade” e “senhores absolutos do poder”, por favor, me ajude aí, oh Datena. Pressão neles!Querem saber? Deus mesmo, nos deu o dom e o direito de Lhe questionar, através da graça desta nossa mente inquiridora que interroga e indaga. O velho Jô é um paradigma dessa nossa humanidade crítica, inconformista...e até, por vezes...diria chata, mas que tem o dom de reagir e questionar.Para os que se acham “acima de Deus”, por especial favor, vejam e meditem na queixa do heróico e paciente Jó, quanto àquilo que ele mesmo, considerou trato de Deus para com ele, replicando, treplicando... debatendo, rebatendo, trebatendo (risos!) com todo o direito, os argumentos dos seus amigos e interlocutores Elifaz, Bildade , Zofar e Eliú, este último o mais novo entre todos, porém não menos sábio. Então, escutem as palavras do humano, limitado e grande Jó: “Eu também poderia falar como vós falais; se a vossa alma estivesse em lugar da minha, eu poderia dirgir-vos um montão de palavras e menear contra vós outros a minha cabeça; poderia fortalecer-vos com as minhas palavras, e a compaixão dos meus lábios abrandaria a vossa dor. Se eu falar, a minha dor não cessa; se me calar qual é o meu alívio?”

Livro de Jô (*para muitos estudiosos, o mais antigo dos livros da Bíblia Sagrada) capítulo16 versículos 4- 6

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