quinta-feira, 30 de novembro de 2017

UM AFRICANO DE CABO - VERDE EM BAURU/SÃO PAULO


UM AFRICANO DE CABO - VERDE EM BAURU/SÃO PAULO

DISCURSO DE NATANIEL SEMEDO DA SILVA

NA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL (BAURU-SP)
(COMEMORAÇÃO DO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA)

Senhoras e senhores membros da mesa.
Distintos convidados; Excelências!

INTRODUÇÃO

Duas citações (que retratam o que muitos ignoram!):

- Count C. Volney, o renomado historiador francês, escrevendo sobre as invenções e as descobertas africanas.

“Pessoas agora esquecidas descobriram, enquanto outros eram ainda bárbaros, os elementos das artes e da ciência. Uma raça de homens agora rejeitada pela sociedade por sua pele escura e seu cabelo enroscado cimentou no estudo das leis da natureza esses sistemas civis e religiosos que ainda governam o universo”.
Leo Africanus, no início do século 16,

"(...) O rico rei de Timbuktu... mantém um magnífico e bem mobiliado tribunal...Eis aqui uma grande reserva de médicos, juízes, sacerdotes, e outros homens letrados, que são generosamente mantidos às expensas e encargos do rei. E cá são trazidos diversos manuscritos ou livros escritos fora de Barbárie, que são vendidos por mais dinheiro do que qualquer outra mercadoria ".

VIM DAS ILHAS DE CABO - VERDE/AFRICA OCIDENTAL

Entre os séculos XIV – XVIII Cabo-Verde foi um "hipermercado a céu aberto de compra e venda de escravos", um dos mais importantes entrepostos de comércio de pessoas escravizadas do continente africano.

“O facto de essas pessoas serem castigadas em público era uma pena extremamente dolorosa, mais moral do que fisicamente, porque em África não se castigava em público.” - Charles Akibodé (historiador africano do Senegal)

O TRECHO DE UM PROJETO LITERÁRIO MEU

E CADÉ O “JARDIM AFRICA?”

Citação.

“O caso dos negros no Brasil é também significativo tanto com respeito à falta de abordagem pastoral como ao carácter obrigatório tomado pelo catolicismo. Eles foram importados como escravos da África nos séculos XVIII e XIX, ás centenas de milhares. Todavia sua terrível situação jamais tocou a sensibilidade dos representantes da Igreja...Durante o período colonial, quer o indivíduo fosse caucasiano, ameríndio ou negro, era-lhe impossível funcionar sem conformar –se ao catolicismo da época. O calendário católico governava o ritmo do dia, as estações e o ano inteiro. O negro entrou neste ritmo ao lado do branco, embora subordinado a este”.
Richard Sturz, O Catolicismo Romano na América Latina do Século XIX, in “O CRISTIANISMO ATRAVÉS DOS SÉCULOS”.

Hoje, na Cidade de Bauru, no interior do cosmopolita estado de São Paulo existe um bairro chamado “Jardim Europa” e outro de nome “Jardim América”. O que não existe é o “Jardim África” ou “Jardim Oceania”. A Ásia até que nem teria que se queixar visto que há a “Praça do Líbano”, por exemplo, salvando-se assim a representatividade asiática nesta cidade. “Jardim África”, essa, estão nos devendo (ainda)...!

A BATALHA PELA VIDA EM BAURU -SP

Depois de prestar o vestibular fui tentar me matricular na FIB – Faculdades Integradas de Bauru. Antes falando com a senhora Chiara Ranieri, a filha do dono daquela instituição, eu tinha-lhe proposto trocar o curso de Idiomas (Inglês ou Francês) por minha entrada sem custos na FIB; tudo em vão!

Naquele lugar enquanto eu esperava um dos administradores meus olhos fitaram um quadro grande no murro com o nome dos alunos das turmas dos diferentes anos letivos. A maioria esmagadora dos sobrenomes era europeu (prefiro não mencionar os países), ou seja, composta por gente que em tese podia pagar a Faculdade.

Estou há onze anos no Brasil. Depois de idas e retornos acho-me novamente em Bauru com um salário mensal á prova de canhão de 1.200 reais que vem do meu trabalho como professor de Francês e Inglês para sustentar uma família de quatro pessoas.

Se calhar, como africano, a minha não integração (ainda!) plena na sociedade bauruense, diga - se, acesso aos bens de consumo de forma a trazer realização pessoal e familiar é o paradigma da inserção deficiente dos africanos e muitos afros descendentes desta cidade.

Em nome de todos os africanos residentes nesta cidade e afro descentes nativos agradeço esta oportunidade de partilhar um pouco o que me vai na alma!

Muito obrigado a todos e a todas!

Nataniel Semedo da Silva, de Cabo – Verde/África Ocidental
Teólogo e professor free lancer de Francês e Inglês

Email: prnataniel_missali@yahoo.com.br
Facebook: https://www.facebook.com/nataniel.silva.9
Blog: http://katchupatupatupa.blogspot.com.br

FUNCIONÁRIO NO SUPERMERCADO "BARRACÃO"

VENDEDOR DE ANÚNCIOS DAS PÁGINAS AMARELAS INTERNET - GOOGLE
MONITOR DE UMA ESCOLINHA DE FUTEBOL


PROFESSOR FREE LANCER DE INGLÊS E FRANCÊS

FUNCIONÁRIO DA ESQUA FORT

 
FUNCIONÁRIO DA TNT - TRANSPORTES

FUNCIONÁRIO DA ALL - AMÉLICA LATINA LOGÍSTICA





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