sábado, 10 de março de 2012

IMPÕE-SE O ADVENTO (URGENTE!) DE NOVAS FORÇAS POLÍTICAS (COM “SELO” DE CABO- VERDE E DE INSPIRAÇÃO CRISTÃ)

Por Nataniel Semedo da Silva
Pelourinho - Cidade Velha

“As cabras ensinaram-nos a comer pedras para não perecermos” Ovídio Martins

Meu Cabo - Verde magnífico, da passarinha di pena azul, da garça vermelha, do manel mangradu, da txóta di cana, da fragata, do dragoeiro, da papoila e da tamareira!

Escute do fundo dos séculos as vozes retumbantes da tua história!Sumara na tempu e repare que certa Europa prenhe de gemidos em ti se fez. Do sussurro triste dos Rios da Guiné veio a África que também es. Ribeira Grande, Cidade Velha, berço da tua sina e da tua saga! Observe os olhares esbugalhados e mercantis dos piratas da Gália e da Velha Albion que te saqueou. Velhos mercadores que roubaram o melhor da África (suspiro)!

Cabo - verdiano (a) de todos os dramas (ora, “querendo ficar e ter que partir”, ora “querendo partir e ter que ficar”!) e de todos os mundos (onde teus braços de aço abraçaram o intenso labor). Flagelado pelo Vento Leste, pela estrada atlântica, em estórias de mil partidas, também, para a América do Norte, nos baleeiros nas rotas de Colombo, pelo oceano imenso, na pesca da baleia que te levou para o outro lado do mar.

Para a Lusitânia a preencher a debandada dos lusos para a Europa rica. “José Pedreiro Ihéu” para a construção civil em Lisboa. “Mamazinha Crioula” a cuidar da italianazinha em Roma. Por decretos, em lúgubres navios rumastes a Sul para as roças de São Tomé. Ao contratador “destes o nome”, “santando a praça” em desespero de causa. Trabalhastes três, quatro anos... e recebestes entre quinhentos a cinco mil escudos no total (o “pézinho-de-meia roto” da tua paga). “Duedu na mundo”! Cabo - Verde, do teu berço épico de matriz “cristã guerreira”, escute os gritos da tua alma levadas pela correnteza sul equatorial.

Contra mar e vento, açoitado pela bruma seca, teimastes sempre! Trabalhastes a brava a bordo nos países baixos e nas suas tulipas namorando. Na grande diáspora labutastes em Cape Code, Fall River... na inevitável aventura trabalhastes nos comboios do Pacífico e garimpastes ouro na Califórnia. O trovão da guerra te levou à Guiné-Bissau. Catxupa camponesa, feijoada, arroz ku atun, djagacida e caldu péxi, grogue di sintanton, café di fogo e chá d’erva cidrera fizeram o teu “banquete” humilde.

Escute o barulho das pesadas botas dos combatentes e as salvas da tua liberdade ecoando pelos matos da Guiné - Bissau. A aurora de 1975, entretanto, esfumou-se por detrás da “cortina insular de argamassa” sob a égide do Partido Africano da Independência de Cabo Verde. Quinze (eternos!) anos de um monólogo político que cercearam a tua voz.

Cabo-verdiano (a) escute os assobios dos ventos da mudança que te trouxe o sonho de um Movimento Para Democracia. Lembras-te do cântico que se ouviu? “descendo pelas ruas antes proibidas, memórias distantes enterradas para sempre no passado. De Moscovo, Parque Gorki chegaram às ilhas do sol as rajadas de outro Leste te livrando das ‘lestadas políticas’ além Murro de Berlim. Ouve-se a música do vento trazendo melodias de versos livres da democracia”. Dir-se-ia, que o futuro estava no ar... estava ali!A bruma seca parecia querer cantar o que a gaita, o violão e o cavaquinho das ilhas transmitem da tua alma.O génio cabo-verdiano. Tua história, entretanto, continuava o seu processo. Surpreendentemente o PAICV voltou... e os anos, de novo, longos!

E agora?Repare bem, cabo-verdiano (a): instalou-se na tua terra um “maniqueísmo (dualismo) político” traduzido por uma terrível bi polarização PAICV/MPD a atingir os limites da insanidade, em meio a um redemoinho planetário carregado de incertezas.

As taças de cristal da “Boêmia global” ergueram-se para os operacionais da Nova (des) Ordem Mundial. Estenderam-se, planetário, os gigantescos braços do “polvo anfíbio multi-continental”. Vigie-o, cabo - verdiano (a). Desta tua apatia e conformismo momentâneo, os saqueadores endógenos e exógenos se alegram. Outrora, em conluios e vis negócios levaram até a tua urzela de corante violeta. Jogaram ao vento tua pequena economia insular. Pense nisso: até que os leões tenham suas próprias estórias, os contos de caça glorificarão sempre o caçador!

Repare bem, cabo-verdiano (a)! O espírito atlântico com que pacificamente abraças o mundo, também, permite que te reinventes (n vezes). Depois de as nossas cabras te terem ensinado a comer pedras, no “dia seguinte” às calças rotas e chapadas da tua pobre meninice, fintando a fome comendo cufongo, papa ku léti e bebendo óleo de fígado de bacalhau, alçarás o vôo dos pássaros livres. As lágrimas que têm descido pelo teu rosto não tiram a tua visão!Debaixo do sol das ilhas, olhe para os horizontes do teu futuro. Do teu berço de alecrim, à sombra do teu dragoeiro resistente, continue sonhando!

Deus soberano, Aquele que, antropomorficamente, tem os olhos que tudo vê e a mente que tudo pode te permite uma esperança evangélica, que te ajuda a caminhar, reinventar e crescer sempre. “Ir para cima não é fácil. Desafia a gravidade, tanto cultural quanto magnética”- Mike Abrashoff

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