segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A PROPÓSITO DA AFIRMAÇÃO DO SR PRIMEIRO MINISTRO DR JOSÉ MARIA NEVES QUE A "SOCIEDADE CABO-VERDIANA SEMPRE FOI VIOLENTA"


ESTAR (CONJUNTURALMENTE) OU SER VIOLENTO, EIS A QUESTÃO! A PROPÓSITO DA AFIRMAÇÃO DO SR PRIMEIRO MINISTRO DR JOSÉ MARIA NEVES DE QUE A "SOCIEDADE CABO-VERDIANA SEMPRE FOI VIOLENTA"

Por Nataniel Semedo Da Silva, cabo-verdiano residente em São Paulo/Brasil

Independentemente de qualquer contexto onde o senhor Primeiro Ministro tenha enquadrado a afirmação de que “a sociedade cabo-verdiana sempre foi violenta”, há aqui, pelo menos, uma virulenta falta de sentido de estado. Eu acredito que o Dr. José Maria Neves bem como o governo são o reflexo de um país que se encontra numa encruzilhada assim como estão também os "países amigos da onça" da "Aliança Atlântica", a qual os nossos sucessivos governos se têm juntado e com quem coopera à surdina. Em meio ao "redemoinho global" na qual a nossa nação tem sido envolvida tememos ainda que devido à nossa localização geoestratégica privilegiada o nosso país esteja a transformar-se numa plataforma ou tabuleiro de jogos de interesses trans-continentais, e que o crime organizado assente aqui arraiais. Entre outros, não queremos dinheiro de “plástico” (sujo)!Os arrivistas, os nouveaux (suspets) riches, os barões da droga, a “autoridade paralela” não podem nem devem “dar cartas” e ditar as “regras do jogo”! Uma espécie de versão cabo-verdiana de "Crime Partners" ("Parceiros do Crime"), vinda de outras latitudes (bebendo da ira, não poupando nem a Justiça Criminal e com ela o Estado de Direito), tem tentando nos impor outros “arquétipos” e violentar o nosso ethos, exteriorizando… por vezes violência letal e conseqüente insegurança no nosso país! A propósito da violência em Cabo Verde, não deixa de ser de per si violento (passe o pleonasmo) o que o Sr Primeiro Ministro afirmou. Aqui ele esteve violento, todavia, isso não me dá a legitimidade para afirmar que ele (que também é cabo-verdiano), em particular, seja violento. Mesmo que um (a) ou outro (a) cabo-verdiano (a), por ventura, seja violento (a) de fato, isto também não quer dizer que os cabo-verdianos e a sociedade cabo-verdiana sejam violentos. A exceção não faz doutrina nem escola. O que pode acontecer é afirmações do tipo criar anticorpos e fomentar certa violência num povo (no seu todo) de passividade, diria, quase endêmica, mesmo quando é afrontado e violentado. Nós somos um povo de brandíssemos costumes podem crer. Tivesse havido violência sempre em Cabo Verde, por exemplo, a tensa e terrível indecisão em umas das eleições sobre quem de fato tinha vencido as presidenciais em Cabo Verde, se o Dr. Carlos Veiga ou o Comandante Pedro Pires, as conseqüências poderiam ter sido trágicas, mas não, o povo cabo-verdiano deu provas de maturidade e equilíbrio. O Nosso povo, aliás, tem estado e comportado a um nível muito acima dos nossos governantes e dos nossos representantes. Se o nosso povo fosse de fato violento o duradouro abuso dessa execrável Eletra, só para citar mais este infeliz exemplo, há muito que já teria terminado. Não gostaria de ranquear aqui outros casos e fatos para não indignar o nosso povo e suscitar reações que podem ser... violentas. Convenhamos que esta afirmação do Dr. José Maria Neves foi muito infeliz e irresponsável, mas vamos perdoá-lo porque bastas vezes, não apenas ele, como também muitos dos nossos governantes(dos sucessivos governos) não sabem o que dizem e o que fazem (ou será que sabem?) e acima de tudo não vamos "crucificá-lo" porque... não somos violentos.O fato é que estamos vivenciando um terrível déficit de autoridade e de referências a todos os níveis com homens desequilibrados nas instâncias do poder e de decisão sem compromisso com a nossa nação e o nosso povo. Faltam referências, falta civilidade, falta educação…falta família, falta pão, falta água, falta luz elétrica, falta muita coisa.De sobra temos cunha, nepotismo, corporativismo, leniência...burro-cracia.Na ausência da ordem instiga-se a violência e conseqüentemente a insegurança! Entretanto, os que acreditam em Deus têm o dever (mesmo!) de orar e interceder por aqueles que estão em eminência, exercendo autoridade para que todos (sem exceção!) possam colher os benefícios de um bom governo, acabando por ser ele próprio, um instrumento de Deus para o bem-estar da Igreja, da família, da sociedade e da nação, proporcionando assim o avanço do próprio Evangelho-Boas Novas da Salvação para todo aquele que crê! “Exorto, pois, antes de tudo, que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graça por todos os homens, pelos reis, e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e sossegada, em toda piedade e honestidade. Pois isto é bom e agradável diante de Deus nosso salvador, o qual deseja que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade”.
I Timóteo 2:1-4


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