quarta-feira, 2 de novembro de 2011

CABOVERDIANIDADE:É PRECISO ACREDITAR ( I )


“Não foi o público de poesia que desapareceu, como querem alguns teóricos da literatura. O que desapareceu foi a poesia em contato com a vida das pessoas. Talvez ela esteja adormecida, esperando que alguém traga de volta o simples prazer de ler um poema.”
Fabrício Carpinejar; jornalista e poeta, autor de “Terceira Sede” e
“Um Terno de Pássaros ao Sul”


*PARA TODOS OS CABOVERDIANOS DAS ILHAS E DA DIÁSPORA


É PRECISO ACREDITAR (I)

Árabes...!?
Ah meu país de História e estórias pra contar.
Ah Santiago ilha berço de todos nós.
“Eia terra firme!”
(...)

Chegaram os europeus.
Chegaram os africanos.
As portas da Ribeira Grande abriram-se de par em par.
Entraram os nobres.
Entraram os cativos.

Ah meu país de séculos de cativeiro.
Sim ilha do Fogo também casa grande e dos alforriados.
Figueira das Naus, Espinho Branco, estórias de escravos foragidos.
Meu tataravô comeu umas “uvas verdes”.
Minha tataravó provou o gosto amargo de um “limão agreste”.

Outrora longínquo no tempo chegaram os arrivistas.
Nenhum aviso prévio, audiências ou entrevistas.
Piratas globais violentaram meu povo:
Em negócio vil os sócios fizeram as contas.
Levaram a nossa urzela de corante violeta.

Vieram companhias tantas fazer-nos má companhia.
Veio a CUF, veio o Grão Pará e Maranhão.
Veio a nobreza batoteira.
Foi-se ao vento nossa pequena economia insular.
Mas é preciso acreditar... Pois vamos perdoar.
Sim, é preciso acreditar que vamos vencer!

Agora; nenhuma subserviência que valha.
Nem mesmo sujo negócio canalha.
Réquiem Ágora de Ribeira Grande.
Sim, é preciso acreditar que vamos vencer.
Valha-nos Deus... Queremos vencer!

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