terça-feira, 9 de novembro de 2010

UMA CABRA SENSACIONAL!

UMA CABRA SENSACIONAL!

POR NATANIEL SEMEDO DA SILVA
BAURU SÃO PAULO

Os alunos tinham terminado de fazer os exames de final de ano e aguardavam pelos resultados.Naquele descampado e achada bravia onde ficava situado o Liceu da Vila, descontraidamente perambulavam pelo pátio porcos, cabras, galinhas e outros bichos criados á solta.A segurança naquele Liceu era abaixo de zero e os invasores eram de todos os tipos e feitios: humanos e outros bem mais animais.Espreitando serenamente a pasmaceira e a incúria que reinavam ali, uma cabra, daquelas bem caboverdianas, aquelas que nos ensinaram a “comer pedras” na poesia de Ovidio Martins, rompeu-se pela sala adentro onde as provas estavam mal guardadas a nenhumas chaves e começou a comer literalmente uma prova já corregida.Felizmente, alguém viu a cabra sapeca ainda a tempo de convocar em tempo record uma mobilização para neutralizar a mesma antes que ela devorasse por completo o exame final de um dos alunos.Foi necessário muita arte e engenho para que se pudesse retirar a mesma da boca da cabra fenomenal, e depois ajuntar as peças num puzle de outro planeta.Eu diria que foi incrível demais para ser verdade, mas entretanto fora verdadeiro demais para ser apenas incrível.Não é anedota nem notícia do dia primeiro de Abril não meus senhores, foi real, aliás real demais para ser apenas real.É de facto infinitamente ilária a arremetida repentina daquela cabra memorável.A ação daquele bicho é digna de uma página inteira no Readers Digest, e seria também a glória de um contador mor de anedotas.Verdade, aconteceu sim, eu estava lá.Não me contaram não.Depois de muita arte e engenho, ajuntar peça aqui, desamaçar papel ali e ver com olhar profundo as letras e os números, conseguiu-se saber finalmente qual tinha sido a pontuação final da prova assaltada e quase assassinada pelo arteiro animal.Imaginemos agora que o sensacional bicho tivesse comido inteirinho o exame, jazendo assim completamente moído no seu estômago, e depois o tivesse cagado transformando-o em adubo, ocultando o resultado para sempre.Seria razão mais do que suficiente para atribuir ao aluno vítima a passagem automática de dois anos consecutivos e ainda algum dinheiro de bónus, reparando assim ciclópico descaso.Seria também motivo, com larguíssima margem, para adiar sine die a abertura do ano lectivo seguinte, até que a referida escola desse garantias de que jamais seria visto cabra nenhuma passeando pelas ruas e pátios das escolas de todo o país.Quem diz cabras, diz vacas, galinhas...e todo o zoo das ilhas, onde as “cabras nos ensinaram a comer pedras” e depois uma delas, bem trapaceira queria boicotar as provas e ensinar-nos a “comer os exames finais dos alunos”.Era só o que nos faltava!

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