E ESTE É O MEU APLAUSO!
(Minha homenagem à mulher cabo-verdiana
*Inspirado no poema 'Calçada de Carriche'; de António Gedeão)
A ti oh heroína, fina, vespertina,
Que vai de costas ao sol trabalhando árdua,
De Sol a Sol para o menino de pai ausente.
Substituta sempre no jogo,
Com ele fora de jogo em desafogo.
A ti oh incansável nas lidas
Das vinte quatro horas mais extras!
Que caminha sempre em frente faça chuva ou faça vento.
E vê longe para o futuro do Zezinho...
Heroína...Vai e não para!
Cheia de capáro,
Na refrega dando litro dispara.
Com um pão roliço pilando o milho no pilão.
Aquele vai no “Pilão” e outros “Tabus” e “Luas de Mel”.
Mas ela aguenta, eterna liça frequenta,
Preguiça afugenta...
Em dias de tormenta quando ele não se apresenta, contenta.
A ti Mulher Rainha!
Que faz a indumentária do Zezinho e nas calças do pai faz bainha.
Na cabeça leva lata de água e nas costas o Zezinho...
Finda o dia!
Vende doces e pastéis acreditando que o Zezinho será Doutor.
Acredita num Cabo -Verde que chove... Verde!
Por isso lança perene o grão à terra.
Mesmo que no ano passado choveu temporã e serôdia!
Ainda que o pai do Zezinho larga a enxada e pega a paródia,
Ainda que ele troque a tina mais ela se afina
porque ela é fina afinal.
Ela vai. Aguenta. Não cai. Nunca cai...
Soada em mesma entoada... Ressequida, mas heroica, estoica!
Trabalha, malha, faz tricô, rendas para pagar as rendas.
Este é o meu aplauso a ti...
Mulher das minhas ilhas,
Que vence milhas de labor feitos de ardor.
Esquece a dor!
Vence obstáculos feitos de “trilhos” e “tomba trilhos”.
De pernas sobre molas, “quebrando as molas” da lida, da vida...
Porque não para, caminha até a exaustão e ainda faz extras.
Este é o meu aplauso e minha homenagem.
A ti oh mulher das minhas ilhas!
NATANIEL SEMEDO DA SILVA
ANOS 40 - FOME EM CABO -VERDE
MUDJÉRIS TA KOTXI MIDJU PA KEL KATXUPA
MUDJER "RABELADA"
BATUKADERAS
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